sexta-feira, 6 de abril de 2012

INTRUSO



Na 1ª noite, eles se aproximam
e escolhem uma flor
de nosso jardim
e não dizemos nada.

Na 2ª noite, já não se escondem:
pisam nas flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia, o mais fragil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dizemos nada,
já não podemos dizer nada.

- Vladimir Maiakóvski

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